SPDA



Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas

- Esta seção aborda sistemas de proteção contra descargas atmosféricas, seja direta ou indireta, ou seja externa ou interna; a norma NBR 5419; questões de fenomenologia de descargas atmosféricas; e outros tópicos associados.



  • Fenomenologia (Descargas Atmosféricas: Fenomenologia, simulação etc.) 
  • ATERRAMENTO + IE (Aterramento em Instalações Elétricas e esquemas de aterramento)


SPDA: Tensão de toque e Centelhamento


- Em edifícios e residências onde existe a instalação das descidas em alumínio, cobre ou aço; sempre deverá haver medidas mitigadoras para evitar o centelhamento e a tensão de toque. O afastamento de 3 metros é impraticável, pois trata-se de locais de trânsito livre.

- Deve ter uma barreira elétrica para evitar o centelhamento e a tensão de toque.

- Uma forma para evitar o centelhamento é aumentar o diâmetro da descida do SPDA, pelo menos nos seus últimos metros. Coloque um tubo, se for liso melhor; o maior diâmetro dificulta o centelhamento. Isto é o inverso do efeito das pontas.

- A pintura do tubo dificulta o centelhamento, tinta condutora não serve.

- Passar o condutor por um tubo de PVC reduz ainda mais o risco de centelhamento. O tubo de PVC para proteção mecânica não é mais exigido por norma.

- A pintura e o tubo de PVC diminuem a tensão de toque, pelo menos para baixa frequência. Para a frente de onda do impulso a corrente passa pelo capacitor formado pela descida+PVC+pessoa.

- TENSÃO DE TOQUE: Fica por conta da redução do gradiente de potencial no solo por meio de uma malha fina, ou placa.

- Para a frente de onda da descarga atmosférica um simples anel centrado na descida pode ser insuficiente para tornar a tensão de passo segura.



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 SPDA: Esfera eletrogeométrica

- Quando a esfera eletrogeométrica toca apenas os para-raios a edificação está protegida.

Figura: Esfera eletrogeométrica e para-raios

- Veja também: “SPDA – Descargas laterais 2” e “SPDA – Líder passo à passo – fenomenologia 2”.


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SPDA: Mapa de curvas isoceráunica

- O índice ceráunico é o índice que indica o número médio de dias de trovoada por ano.

- Para saber o índice ceráunico do lugar onde você mora é só tomar nota dos dias em que você ouviu pelo menos uma trovoada. Se você é do Tocantins ou de regiões do Mato Grosso próximas ao Tocantins terá por volta de cem dias de trovoada por ano. É um valor alto.

- Em várias centrais de meteorologia espalhadas pelo Brasil foram registrados os dias de trovoada ao longo de anos. Dai foi tirado uma média e feito um mapa com curvas fechadas, em que cada curva indica o número de dias de trovoada por ano por onde o traço da curva está passando. Dentro desta curva o índice ceráunico é maior do que o valor desta curva, isto é da curva isoceráunica.

- Iso significa igual, assim, no traço da curva o valor do índice ceráunico é o mesmo.

- E dai?

- É a partir deste índice e de outros fatores que se calcula o nível de proteção contra descargas atmosféricas.



- Modernamente o mapa isoceráunico é levantado com a ajuda de antenas especializadas na localização de descargas atmosféricas.

- O Brasil é um dos poucos países que tem uma rede destas antenas.

- Na norma técnica ABNT NBR 5419:2005 tem um mapa isoceráunico do Brasil, e um outro com mais detalhes do sudeste brasileiro, Goiais e da Capital.

- O INPE monitora instante a instante os raios no Brasil, consulte o sítio do INPE na internet.

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SPDA: Teoria de Circuitos & Descarga atmosférica

- Uma descarga atmosférica pode ser representada por circuitos RLC.

- Como a capacitância varia com a tensão do canal da descarga está é não-linear.

- A resistência do canal da descarga varia com a intensidade da corrente, portanto, também é não-linear.

Figura: Circuito e descarga atmosférica

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SPDA: Parâmetros

Tabela: Parâmetros da descarga atmosférica

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SPDA: Tanque de petróleo e baixa impedância

- É fundamental que os cabos para escoar a descarga atmosférica de tanques com inflamáveis sejam de baixa impedância para as frequências pertinentes e para a frente de onda do impulso atmosférico. Para isto é usado uma fita feita com cordoalha de aço inoxidável e estanhada, o aço inoxidável e a adicional proteção de estanho é para dar proteção contra corrosão.

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SPDA: Tanque de petróleo ou derivados 3

- Para o engenheiro elétrico conferir se o SPDA do tanque de petróleo é eficaz deve-se rolar a esfera eletrogeométrica pelos lados e por cima do SPDA, se a esfera não tocar no tanque o SPDA está sendo a primeira vítima da descarga atmosférica.

- A normalização define uma distância mínima entre as torres e o tanque, e entre os cabos para-raios e o tanque. Se esta distância mínima não for respeitada poderá haver centelhamento do SPDA para o tanque.

Figura: Esfera eletrogeométrica tocando o cabo para-raios e o solo.

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SPDA: Tanque de petróleo ou derivados 2

- Mastros ou torres ao redor de um tanque de petróleo para sustentar cabos para-raios. O projeto tem por base o raio eletrogeométrico, ver item “SPDA Fenomenologia 3 – Raio eletrogeométrico”. Este procedimento minimiza a corrente do raio nos tanques.

Figura: Tanque de petróleo ou derivados com SPDA eletrogeométrico

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SPDA: Dicas

- Três recomendações importantes para evitar incêndios por descargas atmosféricas em tanques de combustível:

  • Colocar conexões, por pressão, da tampa com o tanque abaixo da tampa e imersas no líquido inflamável a cada 3 m em todo o perímetro da tampa flutuante.
  • Isolar todas os componentes metálicos expostos na superfície da tampa, para evitar centelhamentos.
  • Além das conexões por pressão a cada 3 m, instalar conexões a 30 m ou menos.
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SPDA: Incêndios

- Entre 1951 e 2003 ocorreram de 15 a 20 incêndios em tanques de petróleo no mundo por ano. Um terço destes incêndios foram causados por descargas atmosféricas.

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SPDA: Tanque de petróleo ou derivados 1

- A tampa flutuante é conectada no tanque a pelo menos a cada 30 m. Uma descarga atmosférica atingindo o topo do tanque fluirá para o solo e para a tampa, de onde voltará para outras partes do tanque e dai para o solo.

Figura: Tanque de petróleo ou derivados com tampo flutuante, descarga atmosférica no topo do tanque

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► SPDA: Vapor combustível + ar

- O centelhamento causa ignição do vapor de petróleo ou de derivados misturado com ar (oxigênio).

- Quando o centelhamento ocorre submerso no líquido inflamável o provável é que não ocorra ignição, além da ausência de oxigênio não há vapor inflamável.

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► SPDA: Tanques de armazenamento de petróleo

- Incêndios em tanques de armazenamento de petróleo e de seus derivados são mais comuns do que se pensa. Aproximadamente um terço de todos os incêndios em tanques de petróleo são atribuídos a descargas atmosféricas, sendo que os tanques com teto flutuante são especialmente vulneráveis.

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► SPDA: Combustíveis

- Você acredita que se cair uma descarga atmosférica no seu carro o combustível no tanque não vai explodir?

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SPDA: Diâmetro eletrogeométrico

- Para chegar ao raio eletrogeométrico (aqui raio não é descarga atmosférica, mas a metade do diâmetro) foram feitas várias medições do comprimento do último passo do líder (ver: SPDA Fenomenologia 3 – Raio eletrogeométrico)

- A figura a seguir mostra o resultado destas medições feitas por quatro diferentes pessoas.

- Pelo gráfico da figura uma corrente de retorno com pico de corrente de 78 kA teve o último passo do líder com 90 m. A corrente de retorno é um impulso como já mostrado.

Figura: Distância de descarga do último passo para o líder ascendente. Valores obtidos por quatro diferentes autores.

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SPDA: Para simular uma descarga atmosférica 2 - Marx

- Utiliza-se de um gerador de alta-tensão, chamado gerador Marx, para gerar uma forma de onda semelhante à da corrente de retorno de uma descarga atmosférica. Neste gerador a energia gerada não tão importante quanto a tensão gerada, a tensão pode ir a um milhão de volts ou mais, bem mais.

- Este gerador é muito utilizado para testar transformadores elétricos, cadeias de isoladores e outros equipamentos de alta-tensão. Há vários laboratórios no Brasil com estes geradores.

- O gerador Marx gera um impulso de tensão. Um gerador que gera a energia contida em uma corrente de retorno de uma descarga atmosférica teria que ser muito grande e muito muito caro. Se houver justificativa comercial é só fazer.


Figura: Corrente de retorno (impulso atmosférico)

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SPDA: Para simular uma descarga atmosférica 1

- Para simular uma descarga atmosférica em laboratório é necessário reproduzir o melhor possível a corrente de retorno da descarga em sua amplitude e forma. Para isto um conjunto de capacitores de alta-tensão são colocados em paralelo, cada capacitor é especialmente construído para ter uma indutância parasita mínima.

- Quanto menor for a indutância parasita maior vai ser o di/dt da frente de onda, de difícil reprodução exatamente por causa das indutâncias parasitárias presentes no gerador.


Figura: Gerador de impulso de corrente para simular em laboratório uma corrente de retorno de uma descarga atmosférica

- Não faça isto em casa.

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► SPDA: Ligação entre duas edificações 2

- A corrente da descarga atmosférica flui pelo aterramento para o solo. A tensão do eletrodo de terra vai subir, estando a outra edificação distante, aparecerá uma tensão entre as duas edificações. Esta tensão poderá provocar queima de equipamentos e choque elétrico.

- Distante é quando um eletrodo de aterramento não interfere com outro eletrodo de aterramento, para quantificar é necessário saber a resistividade do solo, a permissividade e as dimensões dos eletrodos.

Figura: A tensão sobe no aterramento que recebe a corrente da descarga atmosférica


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► SPDA: Ligação entre duas edificações

- Descarta atmosférica cai em uma das edificações. Como mostra a figura abaixo as duas edificações estão ligadas.

Figura: SPDA e aterramento de duas edificações interligadas

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► SPDA: Foguetes como para-raios

- Já há muitas décadas que foguetes são utilizados como para-raios.

- O foguete leva consigo um carretel com um fino fio condutor, a ponta do fio fica amarrada na base de lançamento.

- O foguete é pequeno e reutilizável. Em geral leva uma placa com o endereço de retorno. Você já achou um destes?

- Na base do foguete tem um osciloscópio que registra a corrente da descarga atmosférica.

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► SPDA Descargas laterais 2

- Caso o líder, que abre o canal da descarga atmosférica, se aproximar o suficiente da estrutura para que a corona formada pelo acumulo de carga elétrica na ponta do canal toque a estrutura, a conexão do canal será feita pela estrutura. Não havendo captores e condutores de descida na lateral para aterrar a corrente de retorno haverá danos na estrutura.

- As figuras mostram três casos de aproximações do líder com suas respectivas coronas, estas esferas de ar ionizado são chamadas de esferas eletrogeométricas. Na superfície destas esferas o campo elétrico atinge 30 kV/cm.




Bom ler:
SPDA – Líder passo a passo – fenomenologia 2” e “SPDA – Líder passo a passo – fenomenologia” 3

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► SPDA: Descargas laterais 1

- Podem ocorrer descargas atmosféricas nas laterais de edificações muito altas. Veja a figura.


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 ► SPDA: Material e área da seção transversal de condutores externos do SPDA



- Cabos captores, hastes captoras e condutores de descida podem ser de fitas singelas, cabos singelos, e cordoalhas nos materiais como cobre, cobre estanhado, alumínio, liga de alumínio, liga de alumínio cobreada, aço galvanizado, aço cobreado, aço inoxidável e devem ter área da seção transversal de 50 mm2. Sendo que onde não tiver esforço mecânico apenas 25 mm2 são necessários, no entanto, quando houver risco de aquecimento ou grande esforço mecânico são requeridos 75 mm2. 

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► SPDA: GAIOLA DE FARADAY 2

- A gaiola de Faraday é um conjunto de barras que aproxima um ambiente hermeticamente fechado por um condutor perfeito. Para cargas eletrostáticas (significa cargas paradas) o campo elétrico estático no interior da gaiola não é zero, porém próximo do zero. É dai que vem a técnica, muito conhecida entre os instaladores de SPDA, chamada de gaiola de Faraday. Os cabos de descida e de equipotencialização formão uma gaiola envolvendo a edificação, o que minimiza os efeitos do campo elétrico no interior da edificação. No caso do SPDA sujeito a uma descarga atmosférica o campo não é tão pequeno no interior da edificação quanto é pensado por alguns. O espaçamento dos cabos e o caráter transitório da descarga atmosférica acabam por gerar campos de magnitude significativa no interior de uma edificação, isto, no entanto, não descarta o uso desta técnica uma vez que sem a aplicação desta o campo elétrico no interior poderia ser ainda maior.


Figura: A gaiola de Faraday da figura acima aproxima o invólucro metálico abaixo


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SPDA: Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas

Norma em 14/05/2015:

ABNT NBR 5419:2005
Válida a partir de 29/08/2005
Status: Em vigor
“Esta Norma fixa as condições de projeto, instalação e manutenção de sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), para proteger as edificações e estruturas definidas em 1.2 contra a incidência direta dos raios. A proteção se aplica também contra a incidência direta dos raios sobre os equipamentos e pessoas que se encontrem no interior destas edificações e estruturas ou no interior da proteção impostas pelo SPDA instalado.”

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► SPDA: Pára-raios ionizantes e radioativos

- Não são permitidos captores ionizantes ou radioativos no SPDA. Os captores radioativos, conhecidos como pára-raios radiotivos, devem ser recolhidos por pessoal especializado em radiação.

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PARA-RÁIOS RADIOATIVOS

Rio de Janeiro
CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

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São Paulo
IPEN - Instituto de Pesquisas de Energia Nuclear


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► SPDA: Além mar

- A próxima norma de SPDA da ABNT é praticamente uma tradução da IEC 62305 - Protection against lightning.

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► SPDA: Resistência de aterramento

- A resistência do sistema de aterramento do SPDA deve ser de no máximo aproximadamente 10 Ω localmente. Isto significa que em cada ponto de conexão do sistema de aterramento do SPDA com um cabo de descida a medição feita com o terrômetro de hastes deve registrar 10 Ω ou menos.

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► SPDA: GAIOLA DE FARADAY

Campo Elétrico Zero
- No interior de um invólucro condutor hermeticamente fechado e com carga elétrica parada (carga eletrostática) o campo elétrico é zero. Esta é uma situação ideal mas que pode ser utilizada com boa aproximação no mundo prático do dia-a-dia. A grande vantagem disto é que dispositivos no interior deste invólucro estão livres de campos elétricos de origem externa.


Figura: Exemplo de invólucro condutor hermeticamente fechado, no interior o campo elétrico estático é zero, o interior é vazio ou preenchido com dielétrico.

- A vantagem de ter campo elétrico zero no interior é que os equipamentos e cabos não sofreram com interferência de origem externa ao invólucro.

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► SPDA – Descidas de um SPDA

- Para conectar os captores da descarga atmosférica ao sistema de aterramento são utilizadas as descidas. Estas descidas devem estar espalhadas uniformemente ao redor da edificação. A NBR 5419 especifica detalhadamente quantas descidas e qual o procedimento adotado para espalhar as descidas ao redor da edificação para qualquer formato de edificação. Nas duas figuras abaixo vemos dois modos diferentes de distribuir as descidas para uma edificação que tenha que ter seis descidas. Em uma figura é mostrado a distribuição correta e na outra uma distribuição errada.



- A forma de distribuição da figura anterior, que segundo a norma, está errada, tem sido muito adotada pelos instaladores de SPDA, com a explicação de que na fachada do prédio não é “possível” colocar descidas. E se o prédio tiver quatro fachadas, como fica?

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► SPDA: A corrente não se divide igualmente entre as várias descidas.

- É isto mesmo, a corrente de uma descarga atmosférica não se divide igualmente entre as várias descidas do SPDA.

- Se a descarga atmosférica conecta um captor no topo da descida A porque se daria o trabalho de ir até as descidas B, C e D que estão vários metros adiante? É verificado em simulações computacionais e em medições em escala que aproximadamente 80 % do impulso atmosférico desce para o solo por um único condutor. A eletricidade pega sempre o caminho mais curto. É como a água que ruma para o mar, vai pelo caminho de menor potencial.

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► SPDA: Terrômetro alicate

- O terrômetro alicate é um tipo muito especial de terrômetro, este terrômetro só mede resistência de eletrodos de terra quando o sistema é multiaterrado. Neste caso com muitos e muitos eletrodos de aterramento, como é o caso do cabo condutor do neutro em um sistema de distribuição de energia elétrica. Em um SPDA o número de descidas é pequeno (cada descida está conectada ao aterramento) e neste caso a medição com o terrômetro alicate é inválida. Certamente em uma edificação com duas, quatro ou dez descidas a medição da resistência de terra somente com o terrômetro de hastes.

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SPDA: Descarga atmosférica, neutro, armação do concreto, partes metálicas, terra - 2

- Como todos estes itens estão ligados ao BEP por caminhos diferentes é de se esperar que as impedâncias de cada um destes caminhos, os tempos de propagação e os coeficientes de reflexão sejam diferentes. Como foi visto de forma simplificada haverá reflexões múltiplas entre o aterramento e o ponto de falta (veja em Raio atingindo condutor aterrado) e é por isto que a efetividade do aterramento é fundamental. A efetividade do aterramento visa evitar diferenças de tensão entre dois pontos do circuito, e caso, mesmo tendo os maiores cuidados, ainda apareça uma diferença de tensão prejudicial deve-se utilizar os dispositivos protetores de surto (DPS).

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 SPDA: Descarga atmosférica, neutro, armação do concreto, partes metálicas, terra

- Muitos não se dão conta de que no BEP, Barramento de Equipotencialização Principal, o SPDA, o neutro, o aço da armação de concreto, as partes metálicas e o terra se encontram. Isto significa, que quando o SPDA da edificação é atingido por uma descarga atmosférica o potencial desta descarga vai para o BEP. É isto mesmo, o potencial elétrico da descarga atmosférica vai para a tomada do seu microcomputador, da sua geladeira e da sua televisão LED.

- Se alguém tocar em alguma parte metálica na edificação que não está aterrada estará sujeito a uma tensão quando a descarga atmosférica está passando pelo SPDA.

- Não entrando aqui com considerações sobre tensões de passo e de toque, nem de tensões transitórias.

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► SPDA: Condutores nas laterais de uma edificação

- Questão comum é se os condutores nas laterais de uma edificação devem ou não devem ser aterrados. Como sabemos uma descarga atmosférica pode atingir tanto o topo da edificação quanto as suas laterais, se na cobertura todas as partes metálicas devem estar conectadas com ligação galvânica com o SPDA, porque nas laterais seria diferente?

- Em todo ponto da edificação que a esfera eletrogeométrica toca pode ser atingido por uma descarga atmosférica.

- A NBR 5419:2000 diz:
Quaisquer elementos condutores expostos, isto é, que do ponto de vista físico possam ser atingidos pelos raios, devem ser considerados como parte do SPDA.”

- Se os condutores expostos às descargas atmosféricas não suportarem a corrente então devem estar dentro do volume de proteção do SPDA.
Se os condutores expostos às descargas atmosféricas, como parte ou não do SPDA, oferecerem ameaça a segurança de pessoas então devem estar dentro do volume de proteção.

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 SPDA: Levar em consideração no projeto de SPDA, e no orçamento
  • Tipo de ocupação da estrutura
  • Tipo de construção da estrutura
  • Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos
  • Localização da estrutura
  • Topografia da região
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SPDA: Níveis de proteção contra descargas atmosféricas

- Existem vários níveis de proteção contra descargas atmosféricas. Estes níveis variam de país para país, no Brasil a normalização diz que são quatro níveis. Estes níveis são:

Nível I      20 m      3 kA
Nível II    40 m       5 kA
Nível III   45 m     10 kA
Nível IV   60 m     15 kA

O significado dos 3, 5, 10 e 15 quiloampères é que são valores da corrente elétrica máxima da descarga atmosférica. O sistema de proteção protegerá para todas as descargas atmosféricas com valores superiores de correntes estabelecido para aquele nível. Por exemplo: o nível III protege para toda descarga atmosférica com corrente superior a 10 kA.
É isto mesmo que você está pensando, quanto menos corrente mais perigoso é o raio (=diâmetro).

As distâncias são relativas ao raio eletrogeométrico, aqui raio=diâmetro/2.

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SPDA: Modelo eletrogeométrico

- A descarga atmosférica inicialmente abre caminho pela atmosfera por partes. São pequenas descargas grosseiramente de 50 m de comprimento cada, até que se feche o circuito entre solo e nuvem (de 3 a 5 km, podendo chegar a 14 km). Cada pequena descarga é chamada de passo. O último passo, em geral o maior de todos, é o que define o raio eletrogeométrico R. Este raio eletrogeométrico é a distância que a descarga atmosférica pode atingir em seu último passo. Se na superfície ou dentro da esfera com raio R e com centro na ponta da descarga atmosférica houver um pára-raios, então a descarga atmosférica vai fluir pelo pára-raios para o solo.

R = (corrente máxima da descarga atmosférica)0,65, equação do CIGRÉ.

E daí?
É com este valor do raio eletrogeométrico que se calcula o SPDA externo de uma edificação ou de uma praça.

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 SPDA: Condutores do SPDA

- São quatro os principais materiais utilizados como condutor em um SPDA: Cobre (Cu), Alumínio (Al), aço galvanizado a quente (ABNT NBR 6.323) e aço embutido em concreto. Dependendo do local onde vai ser utilizado é exigido uma seção mínima em mm2 :

Eletrodo de aterramento:
Cu
50
Al
Não é permitido
Aço
80



Descidas > 20 m:
Cu
35
Al
70
Aço
50


Descidas < 20 m:
Cu
16
Al
25
Aço
50


Anéis intermediários:
Cu
35
Al
70
Aço
50

Referência: NBR 5419:2005


Aço inoxidável tem sido usado em eletrodos de aterramento, muito embora a 5410 não especifique uma dimensão mínima.

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 SPDA: Raio atingindo condutor aterrado

- Veja na figura a tensão (linha verde) que aparece no meio de um condutor de 100 m quando atingido por um raio em uma das pontas, tendo a outra ponta aterrada, e sendo a resistência de terra de 10 Ω.
Se no meio do condutor estiver ligado o BEP do quadro de distribuição então haverá alta tensão e centelhamento.

- O mesmo pode ocorrer se o cabo for de 30 m ou menos.







- Observação: 100 m equivale a uma edificação de 33 andares.

- No gráfico da figura reparar que o potencial elétrico do terra sobe, a subida do potencial do terra inicia aproximadamente 500 ns depois da descarga atmosférica atingir a outra extremidade do cabo. Todos os condutores que estiverem ligados no BEP subirão de potencial elétrico, o quanto o potencial vai subir e como vai subir vai depender das impedâncias destes condutores e dos tempos de propagação nestes condutores. Muitas reflexões ocorrerão no sistema de SPDA e de aterramento da edificação.


- Por exemplo, muito provavelmente vai ocorrer que em um circuito de fase-neutro-terra de baixa tensão a impedância seja diferente da impedância da ferragem da armação do concreto que está próxima deste circuito.

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► SPDA: Área de exposição equivalente – SPDA – projeto e orçamento

- A área de exposição equivalente é a área da estrutura a ser protegida contra descargas atmosféricas mais a área das projeções das laterais da estrutura no solo.

- A área de exposição equivalente é simbolizada por Ae e está definida na NBR 5419:2005 para um a estrutura retangular (com forma de tijolo) como

Ae = LW + 2H(L + W) + πH2

- Para outros formatos de estrutura o cálculo da Ae fica mais elaborado. É para coisas como esta que se estuda cálculo.

- Isto significa que um prédio de frente L = 30 m, lado W = 20 m e altura H = 3 m vai ter uma área de exposição equivalente de

Ae = 30 x 20 + 2 x 3 x (30 + 20) + π x 32 = 928,3 m2


- Um outro prédio com de frente L = 30 m, lado W = 20 m e altura H = 30 m vai ter uma área de exposição equivalente de

Ae = 30 x 20 + 2 x 3 x (30 + 20) + π x 302 = 3.727,4 m2


- Naturalmente vai dar mais trabalho projetar o SPDA do prédio mais alto. Portanto, cobra-se mais pelo projeto que tem área de exposição equivalente maior.

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