Sistema
de Proteção contra
Descargas Atmosféricas
-
Esta seção aborda sistemas de proteção contra descargas
atmosféricas, seja direta ou indireta, ou seja externa ou interna; a
norma NBR 5419; questões de fenomenologia de descargas atmosféricas;
e outros tópicos associados.
- Fenomenologia (Descargas Atmosféricas: Fenomenologia, simulação etc.)
- ATERRAMENTO + IE (Aterramento em Instalações Elétricas e esquemas de aterramento)
SPDA:
Tensão de toque e
Centelhamento
-
Em edifícios e residências
onde existe a instalação das descidas em alumínio, cobre
ou aço;
sempre deverá haver medidas mitigadoras para evitar o centelhamento
e a tensão de toque. O afastamento de 3 metros é impraticável,
pois trata-se de locais de trânsito
livre.
-
Deve
ter
uma barreira elétrica para evitar o centelhamento e a tensão de
toque.
-
Uma forma para evitar o centelhamento é aumentar o diâmetro da
descida do SPDA, pelo menos nos seus últimos metros. Coloque um
tubo, se for liso melhor; o maior diâmetro dificulta o
centelhamento. Isto é o inverso do efeito das pontas.
- A
pintura do tubo dificulta o centelhamento, tinta condutora não
serve.
-
Passar o condutor por um tubo de PVC reduz ainda mais o risco de
centelhamento. O tubo de PVC para proteção mecânica não é mais
exigido por norma.
- A
pintura e o tubo de PVC diminuem a tensão de toque, pelo menos para
baixa frequência. Para a frente de onda do impulso a corrente passa
pelo capacitor formado pela descida+PVC+pessoa.
-
TENSÃO DE TOQUE: Fica por conta da redução do gradiente de
potencial no solo por meio de uma malha fina, ou placa.
-
Para a frente de onda da descarga atmosférica um simples anel
centrado na descida pode ser insuficiente para tornar a tensão de
passo segura.
---
► SPDA:
Esfera eletrogeométrica
-
Quando a esfera eletrogeométrica toca apenas os para-raios a
edificação está protegida.
Figura:
Esfera eletrogeométrica e para-raios
-
Veja também: “SPDA –
Descargas laterais 2” e “SPDA – Líder passo à passo –
fenomenologia 2”.
---
► SPDA:
Mapa de curvas isoceráunica
-
O índice ceráunico é o índice que indica o número médio de dias
de trovoada por ano.
-
Para saber o índice ceráunico do lugar onde você mora é só tomar
nota dos dias em que você ouviu pelo menos uma trovoada. Se você é
do Tocantins ou de regiões do Mato Grosso próximas ao Tocantins
terá por volta de cem dias de trovoada por ano. É um valor alto.
-
Em várias centrais de meteorologia espalhadas pelo Brasil foram
registrados os dias de trovoada ao longo de anos. Dai foi tirado uma
média e feito um mapa com curvas fechadas, em que cada curva indica
o número de dias de trovoada por ano por onde o traço da curva está
passando. Dentro desta curva o índice ceráunico é maior do que o
valor desta curva, isto é da curva isoceráunica.
-
Iso significa igual, assim, no traço da curva o valor do índice
ceráunico é o mesmo.
-
E dai?
-
É a partir deste índice e de outros fatores que se calcula o nível
de proteção contra descargas atmosféricas.
-
Modernamente o mapa isoceráunico é levantado com a ajuda de antenas
especializadas na localização de descargas atmosféricas.
-
O Brasil é um dos poucos países que tem uma rede destas antenas.
-
Na norma técnica ABNT NBR 5419:2005 tem um mapa isoceráunico do
Brasil, e um outro com mais detalhes do sudeste brasileiro, Goiais e
da Capital.
-
O INPE monitora instante a instante os raios no Brasil, consulte o
sítio do INPE na internet.
---
►
SPDA:
Teoria de Circuitos &
Descarga atmosférica
-
Uma descarga atmosférica pode ser representada por circuitos RLC.
-
Como a capacitância varia com a tensão do canal da descarga está é
não-linear.
-
A resistência do canal da descarga varia com a intensidade da
corrente, portanto, também é não-linear.
Figura:
Circuito e descarga atmosférica
---
►
SPDA:
Parâmetros
Tabela:
Parâmetros da descarga atmosférica
---
►
SPDA:
Tanque de petróleo e baixa
impedância
-
É fundamental que os cabos para escoar a descarga atmosférica de
tanques com inflamáveis sejam de baixa impedância para as
frequências pertinentes e para a frente de onda do impulso
atmosférico. Para isto é usado uma fita feita com cordoalha de aço
inoxidável e estanhada, o aço inoxidável e a adicional proteção
de estanho é para dar proteção contra corrosão.
---
►
SPDA:
Tanque de petróleo ou
derivados 3
-
Para o engenheiro elétrico conferir se o SPDA do tanque de petróleo
é eficaz deve-se rolar a esfera eletrogeométrica pelos lados e por
cima do SPDA, se a esfera não tocar no tanque o SPDA está sendo a
primeira vítima da descarga atmosférica.
- A
normalização define uma distância mínima entre as torres e o
tanque, e entre os cabos para-raios e o tanque. Se esta distância
mínima não for respeitada poderá haver centelhamento do SPDA para
o tanque.
Figura:
Esfera eletrogeométrica tocando o cabo para-raios e o solo.
----
►
SPDA:
Tanque de petróleo ou
derivados 2
- Mastros ou torres
ao redor de um tanque de petróleo para sustentar cabos para-raios. O
projeto tem por base o raio eletrogeométrico, ver item “SPDA
–
Fenomenologia
3
– Raio eletrogeométrico”. Este procedimento
minimiza a corrente do raio nos tanques.
Figura:
Tanque de petróleo ou derivados com SPDA eletrogeométrico
---
►
SPDA:
Dicas
-
Três recomendações importantes para evitar incêndios por
descargas atmosféricas em tanques de combustível:
-
Colocar conexões, por pressão, da tampa com o tanque abaixo da tampa e imersas no líquido inflamável a cada 3 m em todo o perímetro da tampa flutuante.
-
Isolar todas os componentes metálicos expostos na superfície da tampa, para evitar centelhamentos.
-
Além das conexões por pressão a cada 3 m, instalar conexões a 30 m ou menos.
---
►
SPDA:
Incêndios
- Entre 1951 e 2003
ocorreram de 15 a 20 incêndios em tanques de petróleo no mundo por
ano. Um terço destes incêndios foram causados por descargas
atmosféricas.
---
►
SPDA:
Tanque de petróleo ou
derivados 1
-
A tampa flutuante é conectada no tanque a pelo menos a cada 30 m.
Uma descarga atmosférica atingindo o topo do tanque fluirá para o
solo e para a tampa, de onde voltará para outras partes do tanque e
dai para o solo.
Figura:
Tanque de petróleo ou derivados com tampo flutuante, descarga
atmosférica no topo do tanque
---
► SPDA: Vapor combustível + ar
- O centelhamento causa ignição do vapor de petróleo ou de derivados misturado com ar (oxigênio).
- Quando o centelhamento ocorre submerso no líquido inflamável o provável é que não ocorra ignição, além da ausência de oxigênio não há vapor inflamável.
---
► SPDA: Tanques de armazenamento de petróleo
- Incêndios em tanques de armazenamento de petróleo e de seus derivados são mais comuns do que se pensa. Aproximadamente um terço de todos os incêndios em tanques de petróleo são atribuídos a descargas atmosféricas, sendo que os tanques com teto flutuante são especialmente vulneráveis.
---
► SPDA: Combustíveis
- Você acredita que se cair uma descarga atmosférica no seu carro o combustível no tanque não vai explodir?
---
►
SPDA:
Diâmetro eletrogeométrico
-
Para chegar
ao raio eletrogeométrico (aqui raio não é descarga atmosférica,
mas a metade do diâmetro) foram feitas várias medições do
comprimento do último passo do líder (ver: SPDA –
Fenomenologia 3 – Raio eletrogeométrico)
-
A figura a seguir mostra o resultado destas medições feitas por
quatro diferentes pessoas.
-
Pelo gráfico da figura uma corrente de retorno com pico de corrente
de 78 kA teve o último passo do líder com 90 m. A corrente de retorno é um impulso como já mostrado.
Figura:
Distância de descarga do último passo para o
líder ascendente. Valores obtidos por quatro diferentes autores.
---
►
SPDA:
Para simular uma descarga
atmosférica 2 - Marx
-
Utiliza-se de um gerador de alta-tensão, chamado gerador Marx, para
gerar uma forma de onda semelhante à da corrente de retorno de uma
descarga atmosférica. Neste gerador a energia gerada não tão
importante quanto a tensão gerada, a tensão pode ir a um milhão de
volts ou mais, bem mais.
-
Este gerador é muito utilizado para testar transformadores
elétricos, cadeias de isoladores e outros equipamentos de
alta-tensão. Há vários laboratórios no Brasil com estes
geradores.
-
O gerador Marx gera um impulso de tensão. Um gerador que gera a
energia contida em uma corrente de retorno de uma descarga
atmosférica teria que ser muito grande e muito muito caro. Se houver
justificativa comercial é só fazer.
Figura:
Corrente de retorno (impulso atmosférico)
---
►
SPDA:
Para simular uma descarga atmosférica 1
-
Para simular uma descarga atmosférica em laboratório é necessário
reproduzir o melhor possível a corrente de retorno da descarga em
sua amplitude e forma. Para isto um conjunto de capacitores de
alta-tensão são colocados em paralelo, cada capacitor é
especialmente construído para ter uma indutância parasita mínima.
-
Quanto menor for a indutância parasita maior vai ser o di/dt
da frente de onda, de difícil reprodução exatamente por causa das
indutâncias parasitárias presentes no gerador.
Figura:
Gerador de impulso de corrente para simular em laboratório uma
corrente de retorno de uma descarga atmosférica
-
Não faça isto em casa.
---
► SPDA: Ligação
entre duas edificações 2
- A corrente da
descarga atmosférica flui pelo aterramento para o solo. A tensão do
eletrodo de terra vai subir, estando a outra edificação distante,
aparecerá uma tensão entre as duas edificações. Esta tensão
poderá provocar queima de equipamentos e choque elétrico.
- Distante é quando
um eletrodo de aterramento não interfere com outro eletrodo de
aterramento, para quantificar é necessário saber a resistividade do
solo, a permissividade e as dimensões dos eletrodos.
Figura:
A tensão sobe no aterramento que recebe a corrente da descarga
atmosférica
---
► SPDA: Ligação entre duas edificações
- Descarta atmosférica cai em uma das
edificações. Como mostra a figura abaixo as duas edificações
estão ligadas.
Figura: SPDA e aterramento de duas edificações
interligadas
---► SPDA: Foguetes como para-raios
- Já há muitas décadas que foguetes são utilizados como para-raios.
- O foguete leva consigo um carretel com um fino fio condutor, a ponta do fio fica amarrada na base de lançamento.
- O foguete é pequeno e reutilizável. Em geral leva uma placa com o endereço de retorno. Você já achou um destes?
- Na base do foguete tem um osciloscópio que registra a corrente da descarga atmosférica.
---
► SPDA
–
Descargas laterais 2
- Caso
o líder, que abre o canal da descarga atmosférica, se aproximar o
suficiente da estrutura para que a corona formada pelo acumulo de
carga elétrica na ponta do canal toque a estrutura, a conexão do
canal será feita pela estrutura. Não havendo captores e condutores
de descida na lateral para aterrar a corrente de retorno haverá
danos na estrutura.
- As
figuras mostram três casos de aproximações do líder com suas
respectivas coronas, estas esferas de ar ionizado são chamadas de
esferas eletrogeométricas. Na superfície destas esferas o campo elétrico atinge 30 kV/cm.
Bom
ler:
“SPDA
– Líder
passo a
passo – fenomenologia 2” e
“SPDA – Líder
passo a
passo – fenomenologia” 3
---
- Podem ocorrer
descargas atmosféricas nas laterais de edificações muito altas.
Veja a figura.
---
► SPDA: Material
e área da seção transversal de condutores externos do SPDA
- Cabos
captores, hastes captoras e condutores de descida podem ser de fitas
singelas, cabos singelos, e cordoalhas nos materiais como cobre,
cobre estanhado, alumínio, liga de alumínio, liga de alumínio
cobreada, aço galvanizado, aço cobreado, aço inoxidável e devem
ter área da seção transversal de 50 mm2. Sendo que onde
não tiver esforço mecânico apenas 25 mm2 são
necessários, no entanto, quando houver risco de aquecimento ou
grande esforço mecânico são requeridos 75 mm2.
---
► SPDA: GAIOLA
DE FARADAY 2
- A
gaiola de Faraday é um conjunto de barras que aproxima um ambiente
hermeticamente
fechado por um condutor perfeito. Para
cargas eletrostáticas (significa cargas paradas) o campo elétrico
estático no interior da gaiola não é zero, porém próximo do
zero. É dai que vem a técnica, muito conhecida entre os
instaladores de SPDA, chamada de gaiola de Faraday. Os cabos de
descida e de equipotencialização formão uma gaiola envolvendo a
edificação, o que minimiza os efeitos do campo elétrico no
interior da edificação. No caso do SPDA sujeito a uma descarga
atmosférica o campo não é tão pequeno no interior da edificação
quanto é pensado por alguns. O espaçamento dos cabos e o caráter
transitório da descarga atmosférica acabam por gerar campos de
magnitude significativa no interior de uma edificação, isto, no
entanto, não descarta o uso desta técnica uma vez que sem a
aplicação desta o campo elétrico no interior poderia ser ainda
maior.
Figura: A
gaiola
de Faraday da
figura acima
aproxima o invólucro metálico abaixo
---
► SPDA: Proteção
de estruturas contra descargas atmosféricas
Norma em 14/05/2015:
ABNT NBR 5419:2005
Válida a partir de
29/08/2005
Status: Em vigor
“Esta
Norma fixa as condições de projeto, instalação e manutenção de
sistemas de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), para
proteger as edificações e estruturas definidas em 1.2 contra a
incidência direta dos raios. A proteção se aplica também contra a
incidência direta dos raios sobre os equipamentos e pessoas que se
encontrem no interior destas edificações e estruturas ou no
interior da proteção impostas pelo SPDA instalado.”
---
► SPDA: Pára-raios ionizantes e radioativos
- Não
são permitidos captores ionizantes ou radioativos no SPDA. Os
captores radioativos, conhecidos como pára-raios radiotivos, devem
ser recolhidos por pessoal especializado em radiação.
. | |
PARA-RÁIOS RADIOATIVOS | |
Rio de Janeiro |
|
. |
|
São
Paulo
IPEN -
Instituto de Pesquisas de Energia Nuclear |
---
► SPDA: Além
mar
- A
próxima norma de SPDA da ABNT é praticamente uma tradução da IEC
62305
- Protection against lightning.
---
► SPDA: Resistência de aterramento
- A resistência do
sistema de aterramento do SPDA deve ser de no máximo aproximadamente
10 Ω localmente. Isto significa
que em cada ponto de conexão do sistema de aterramento do SPDA com
um cabo de descida a medição feita com o terrômetro de hastes deve
registrar 10 Ω ou menos.
---
► SPDA: GAIOLA
DE FARADAY
Campo
Elétrico Zero
- No
interior de um invólucro condutor hermeticamente fechado e com carga
elétrica parada (carga eletrostática) o campo elétrico é zero.
Esta é uma situação ideal mas que pode ser utilizada com boa
aproximação no mundo prático do dia-a-dia. A grande vantagem disto
é que dispositivos no interior deste invólucro estão livres de
campos elétricos de origem externa.
Figura:
Exemplo
de invólucro condutor hermeticamente fechado, no interior o campo
elétrico estático é zero, o
interior é vazio ou preenchido com dielétrico.
- A
vantagem de ter campo elétrico zero no interior é que os
equipamentos e cabos não sofreram com interferência de origem
externa ao invólucro.
---
► SPDA
– Descidas de um SPDA
- Para
conectar os captores da descarga atmosférica ao sistema de
aterramento são utilizadas as descidas. Estas descidas devem estar
espalhadas uniformemente ao redor da edificação. A NBR 5419
especifica detalhadamente quantas descidas e qual o procedimento
adotado para espalhar as descidas ao redor da edificação para
qualquer formato de edificação. Nas duas figuras abaixo vemos dois
modos diferentes de distribuir as descidas para uma edificação que
tenha que ter seis descidas. Em uma figura é mostrado a distribuição
correta e na outra uma distribuição errada.
- A forma de
distribuição da figura anterior, que segundo a norma, está errada,
tem sido muito adotada pelos instaladores de SPDA, com a explicação
de que na fachada do prédio não é “possível” colocar
descidas. E se o prédio tiver quatro fachadas, como fica?
---
► SPDA: A corrente não se divide igualmente entre as várias descidas.
- É
isto mesmo, a corrente de uma descarga atmosférica não se divide
igualmente entre as várias descidas do SPDA.
- Se a
descarga atmosférica conecta um captor no topo da descida A porque
se daria o trabalho de ir até as descidas B, C e D que estão vários
metros adiante? É verificado em simulações computacionais e em
medições em escala que aproximadamente 80 % do impulso atmosférico
desce para o solo por um único condutor. A eletricidade pega sempre
o caminho mais curto. É como a água que ruma para o mar, vai pelo
caminho de menor potencial.
---
► SPDA: Terrômetro alicate
- O
terrômetro alicate é um tipo muito especial de terrômetro, este
terrômetro só mede resistência de eletrodos de terra quando o
sistema é multiaterrado. Neste caso com muitos e muitos eletrodos de
aterramento, como é o caso do cabo condutor do neutro em um sistema
de distribuição de energia elétrica. Em um SPDA o número de
descidas é pequeno (cada descida está conectada ao aterramento) e
neste caso a medição com o terrômetro alicate é inválida.
Certamente em uma edificação com duas, quatro ou dez descidas a
medição da resistência de terra somente com o terrômetro de
hastes.
---
► SPDA: Descarga
atmosférica, neutro, armação do concreto, partes metálicas, terra
- 2
- Como todos estes itens estão ligados
ao BEP por caminhos diferentes é de se esperar que as impedâncias
de cada um destes caminhos, os tempos de propagação e os
coeficientes de reflexão sejam diferentes. Como foi visto de forma
simplificada haverá reflexões múltiplas entre o aterramento e o
ponto de falta (veja em Raio
atingindo condutor aterrado) e é por isto que a
efetividade do aterramento é fundamental. A efetividade do
aterramento visa evitar diferenças de tensão entre dois pontos
do circuito, e caso, mesmo tendo os maiores cuidados, ainda apareça
uma diferença de tensão prejudicial deve-se utilizar os
dispositivos protetores de surto (DPS).
---
► SPDA: Descarga
atmosférica, neutro, armação do concreto, partes metálicas, terra
- Muitos
não se dão conta de que no BEP, Barramento de Equipotencialização
Principal, o SPDA, o neutro, o aço da armação de concreto, as
partes metálicas e o terra se encontram. Isto significa, que quando
o SPDA da edificação é atingido por uma descarga atmosférica o
potencial desta descarga vai para o BEP. É isto mesmo, o potencial
elétrico da descarga atmosférica vai para a tomada do seu
microcomputador, da sua geladeira e da sua televisão LED.
- Se
alguém tocar em alguma parte metálica na edificação que não está
aterrada estará sujeito a uma tensão quando a descarga atmosférica
está passando pelo SPDA.
- Não
entrando aqui com considerações sobre tensões de passo e de toque,
nem de tensões transitórias.
---
► SPDA: Condutores
nas laterais de uma edificação
- Questão
comum é se os condutores nas laterais de uma edificação devem ou
não devem ser aterrados. Como sabemos uma descarga atmosférica pode
atingir tanto o topo da edificação quanto as suas laterais, se na
cobertura todas as partes metálicas devem estar conectadas com
ligação galvânica com o SPDA, porque nas laterais seria diferente?
- Em
todo ponto da edificação que a esfera eletrogeométrica toca pode
ser atingido por uma descarga atmosférica.
- A
NBR 5419:2000 diz:
“Quaisquer
elementos condutores expostos, isto é, que do ponto de vista físico
possam ser atingidos pelos raios, devem ser considerados como parte
do SPDA.”
- Se
os condutores expostos às descargas atmosféricas não suportarem a
corrente então devem estar dentro do volume de proteção do SPDA.
Se
os condutores expostos às descargas atmosféricas, como parte ou não
do SPDA, oferecerem ameaça a segurança de pessoas então devem
estar dentro do volume de proteção.
---
► SPDA: Levar em consideração
no projeto de SPDA, e no orçamento
-
Tipo de ocupação da estrutura
-
Tipo de construção da estrutura
-
Conteúdo da estrutura e efeitos indiretos
-
Localização da estrutura
-
Topografia da região
---
- Existem vários níveis de proteção contra descargas atmosféricas. Estes níveis variam de país para país, no Brasil a normalização diz que são quatro níveis. Estes níveis são:
Nível I 20 m 3
kA
Nível II 40 m 5
kA
Nível III 45 m 10
kA
Nível IV 60 m 15
kA
O
significado dos 3, 5, 10 e 15 quiloampères é que são valores da
corrente elétrica máxima da descarga atmosférica. O sistema de
proteção protegerá para todas as descargas atmosféricas com
valores superiores de correntes estabelecido para aquele nível. Por
exemplo: o nível III protege para toda descarga atmosférica com
corrente superior a 10 kA.
É
isto mesmo que você está pensando, quanto menos corrente mais
perigoso é o raio (=diâmetro).
As
distâncias são relativas ao raio eletrogeométrico, aqui
raio=diâmetro/2.
---
► SPDA: Modelo
eletrogeométrico
- A
descarga atmosférica inicialmente abre caminho pela atmosfera por
partes. São pequenas descargas grosseiramente de 50 m de comprimento
cada, até que se feche o circuito entre solo e nuvem (de 3 a 5 km,
podendo chegar a 14 km). Cada pequena descarga é chamada de passo. O
último passo, em geral o maior de todos, é o que define o raio
eletrogeométrico R. Este raio eletrogeométrico é a distância
que a descarga atmosférica pode atingir em seu último passo. Se na
superfície ou dentro da esfera com raio R e com centro na
ponta da descarga atmosférica houver um pára-raios, então a
descarga atmosférica vai fluir pelo pára-raios para o solo.
R
= (corrente máxima da descarga atmosférica)0,65, equação
do CIGRÉ.
E
daí?
É
com este valor do raio eletrogeométrico que se calcula o SPDA
externo de uma edificação ou de uma praça.
---
► SPDA: Condutores
do SPDA
- São
quatro os principais materiais utilizados como condutor em um SPDA:
Cobre (Cu), Alumínio (Al), aço galvanizado a quente (ABNT NBR 6.323) e aço embutido
em concreto. Dependendo do local onde vai ser utilizado é exigido
uma seção mínima em mm2 :
Eletrodo
de aterramento:
Cu
|
50
|
Al
|
Não é
permitido
|
Aço
|
80
|
Descidas
> 20 m:
Cu
|
35
|
Al
|
70
|
Aço
|
50
|
Descidas
< 20 m:
Cu
|
16
|
Al
|
25
|
Aço
|
50
|
Anéis
intermediários:
Cu
|
35
|
Al
|
70
|
Aço
|
50
|
Referência:
NBR 5419:2005
Aço
inoxidável tem sido usado em eletrodos de aterramento, muito embora
a 5410 não especifique uma dimensão mínima.
---
► SPDA: Raio
atingindo condutor aterrado
- Veja
na figura a tensão (linha verde)
que aparece no meio de um condutor de 100 m quando atingido por um
raio em uma das pontas, tendo a outra ponta aterrada, e sendo a
resistência de terra de 10 Ω.
Se
no meio do condutor estiver ligado o BEP do quadro de distribuição
então haverá alta tensão e centelhamento.
- O mesmo pode ocorrer se o cabo for de 30 m ou menos.
- Observação:
100 m equivale a uma edificação de 33 andares.
- No
gráfico da figura reparar que o potencial elétrico do terra sobe, a
subida do potencial do terra inicia
aproximadamente 500 ns depois da descarga atmosférica atingir a
outra extremidade do cabo. Todos os condutores que estiverem ligados
no BEP subirão de potencial elétrico, o quanto o potencial vai
subir e como vai subir vai depender das impedâncias destes
condutores e dos tempos de propagação nestes condutores. Muitas
reflexões ocorrerão no sistema de SPDA e de aterramento da
edificação.
- Por
exemplo, muito provavelmente vai ocorrer que em um circuito de
fase-neutro-terra de baixa tensão a impedância seja diferente da
impedância da ferragem da armação do concreto que está próxima
deste circuito.
---
► SPDA: Área de exposição
equivalente – SPDA – projeto
e orçamento
- A
área de exposição equivalente é a área da
estrutura a ser protegida contra descargas atmosféricas mais a área
das projeções das laterais da estrutura no solo.
- A
área de exposição equivalente é simbolizada por Ae
e está definida na NBR 5419:2005 para um a estrutura retangular (com
forma de tijolo) como
Ae
= LW + 2H(L + W)
+ πH2
- Para outros formatos
de estrutura o cálculo da Ae
fica mais elaborado. É para coisas como esta que se estuda cálculo.
- Isto significa que
um prédio de frente L = 30 m, lado W = 20 m e altura H
= 3 m vai ter uma área de exposição equivalente de
Ae
= 30 x 20
+ 2 x 3 x (30
+ 20) + π x 32
= 928,3 m2
- Um outro prédio com
de frente L = 30 m, lado W = 20 m e altura H
= 30 m vai ter uma área de exposição equivalente
de
Ae
= 30 x 20
+ 2 x 3 x (30
+ 20) + π x 302
= 3.727,4 m2
- Naturalmente
vai dar mais trabalho projetar o SPDA do prédio mais alto. Portanto,
cobra-se mais pelo projeto que tem área de exposição equivalente
maior.
---
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